O objetivo deste artigo consiste em compreender, a partir de uma abordagem psicossocial, as representações sociais do trabalho na atividade de corte de cana-de-açúcar.
A pesquisa, fundamentada na abordagem qualitativa de investigação, foi orientada a partir da necessidade de identificação e investigação de sujeitos inseridos na atividade de colheita da cana-de-açúcar e que atuavam na região de Ituiutaba, Minas Gerais. Foram realizadas entrevistas em profundidade junto a 12 trabalhadores, e suas narrativas foram analisadas com base na técnica de análise do discurso.
O recorte teórico que fundamentou a realização deste estudo envolveu, a partir de uma abordagem da Psicologia Social, a Teoria das Representações Sociais. As representações sociais seriam modalidades de conhecimento particular que circulam no dia-a-dia e que têm como função a comunicação entre indivíduos, criando informações e nos familiarizando com o estranho de acordo com categorias de nossa cultura, por meio da ancoragem e da objetivação.
A análise percorreu três representações principais: o ser migrante, o ser trabalhador e a organização do trabalho. Ao ser migrante, estes trabalhadores buscam melhores condições salariais em uma atividade fortemente marcada pelo esforço físico, insalubridade, periculosidade e precariedade. Conclui-se, portanto, que a atividade de corte da cana marca a subjetividade do trabalhador, incutindo nele uma forte ideologia do “trabalho árduo” como o único caminho para o sucesso.
Espera-se que, com este trabalho, todo um universo "invisível" e "precarizado", "lar" de um enorme contingente de trabalhadores, passe a ser objeto de reflexão por parte da academia, possibilitando a geração de estudos e pesquisas que busquem problematizar essa realidade.
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