RESUMO
Código: 292
Tema: Estrutura de capital e capital de giro

 

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Análise da Persistência do Value Premium no Mercado Brasileiro
 

Fama e French (1992) classificaram as ações entre value e growth através de sua relação valor patrimonial / preço (VPA/P), verificando que ações value apresentavam retornos superiores e riscos inferiores, efeito denominado de value premium. Em 1949 Graham havia sugerido limitar o produto dos índices preço-lucro e preço-valor patrimonial na identificação de ações value. Nesse trabalho analisaremos os desempenhos e riscos das ações classificadas de acordo com o produto desses múltiplos.

Recentemente, o que tem apresentado o melhor desempenho no mercado brasileiro, as ações de valor (value) ou as ações de crescimento (growth)? Fundamentado na teoria de Graham o presente trabalho visa analisar quais foram os retornos e riscos (betas) das empresas de valor e de crescimento no período de junho de 1996 a junho de 2013, com o objetivo de verificar se existe ou não o value premium no mercado brasileiro.

A existência do value premium é tema recorrente em finanças desde o trabalho de Fama e French (1992). Capaul, Rowley e Sharpe (1993) confirmaram sua existência internacionalmente. Haugen (1995) afirmou que esta é uma “oportunidade de ouro”, decorrente da ineficiência do mercado. As últimas pesquisas nacionais foram conduzidas por Rostagno, Soares e Soares (2006), Saito, Savoia e Sousa (2009), Santos e Montezano (2011) e Cordeiro e Machado (2013). Os resultados obtidos foram contraditórios.

As empresas foram ordenadas por seu índice P/L x P/VPA de dezembro de cada ano e foram observados os betas na mesma data. Foi mensurado o retorno entre junho do ano seguinte, e junho do próximo ano através do logaritmo natural. Foram excluídas ações que apresentassem múltiplos negativos e os bancos. As carteiras value e growth foram compostas pelas ações do primeiro e do último quartis. Foram realizados testes t de Student bicaudais com alpha de 10% para avaliar as diferenças entre as carteiras.

As ações value ofereceram riscos similares às growth, mas com retornos maiores. Em termos de relação risco-retorno, a carteira value predominou sobre a média do mercado, que predominou sobre a carteira growth. Ao contrário do sugerido por Damodaran (1997), períodos de bom desempenho do mercado não estiveram relacionados a um melhor desempenho de ações growth sobre as value. Nossos resultados contrariam a Moderna Teoria de Finanças, e confirmam a existência do value premium no Brasil.