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Grande parte das políticas públicas envolve, de forma explicita ou implícita, compartilhar responsabilidade entre diferentes organizações. Assim, a implementação de políticas é um processo necessariamente fragmentado no tempo e entre atores, e a condução das várias etapas exige e depende da coordenação. Coordenar, de forma consciente, planejada ou informal, é, portanto, prática cotidiana no processo de implementação das políticas públicas.
Apesar de a literatura reconhecer o problema de coordenação, ainda não se consolidou um arcabouço que consiga explicar e prescrever efetivamente as diferentes formas em que a coordenação ocorre nos programas. Neste sentido, este artigo tem como objetivo aprofundar a compreensão da coordenação na implementação interorganizacional de políticas, procurando evidenciar os elementos que a envolvem e buscando estruturá-los em um quadro analítico geral.
A demanda por coordenação nas políticas públicas foi evidenciada por diversos autores e trabalhos, desde o clássico estudo de Pressman e Wildavsky (1984), até trabalhos mais recentes como Sproule-Jones (2000) e diversos outros (O’ Tolle, 1986, 1994, 1997; Peters, 1998; Bakvis & Juillet, 2004; Agranoff & McGuire, 2001, Kenis & Provan, 2006) que afirmam que a administração pública atual exige maior capacidade de articulação institucional, e melhores mecanismos de coordenação.
A trajetória analítica do trabalho foi construída a partir de um recorte que cresce em escala: parte do estudo dos indivíduos, passa às interações sociais, analisa num próximo nível a organização e por fim dá enfoque à interação entre organizações e à dinâmica das redes interorganizacionais. Assim, os elementos estruturadores do referencial analítico proposto são: 1) o indivíduo, 2) as interações sociais, 3) a organização e 4) as redes interorganizacionais.
Como resultado da reflexão teórica, apresenta-se uma síntese de elementos e hipóteses sobre os fatores relacionados à coordenação, compilados em uma proposta de referencial analítico para o estudo da coordenação. Para cada eixo, foram identificados fatores que podem ser considerados preponderantes para a coordenação. Para cada fator identificado, foi levantado um conteúdo de informações necessárias para quem busca observar a coordenação em um programa real (denominado questões).
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