RESUMO
Código: 493
Tema: Simbolismos, Culturas e Identidades Organizacionais

 

Abrir
Arquivo

 
O Aqui e O Ali da Cultura Regional em Práticas de Gestão: A Expansão Organizacional de Um Grupo Varejista de Autopeças.
 

Desde Hofstede (2001) que tem se dado atenção às características das localidades enquanto lócus de práticas sociais que delineavam diferentes culturas. Avanços, representados por críticas a visão reducionista de Hofstede (2001), deram conta de evidenciar que não há limitações político-geográficas no que se refere à cultura e, sendo assim, há de se considerar os diferentes contextos em sua singularidade, representando um desfio legítimo no entendimento das manifestações culturais.

Admitindo que a cultura enquanto prática social não se limita por questões político-geográficas e que as organizações estão inseridas em espaços de vivência de práticas sociais, qual a influência da cultura regional no processo de expansão de um negócio familiar? Deste modo, este estudo é guiado pelo objetivo de evidenciar a influência da cultura local em uma expansão regional de negócios, na tentativa de apresentar os impactos na organização proporcionados pelo choque cultural.

A partir do pensamento de cultura enquanto práticas sociais (GIDDENS, 2005) que, por si só, se distancia da ideia de homogeneidade cultural, ideia central no trabalho de Hofstede, evidências apontadas por Singh et al (2008), bem como Muzzio e Costa (2012), dão suporte para o entendimento do conceito de cultura regional ou local, em constante dinâmica através de fluxos culturais com o espaço global, promovendo ressignificações locais por meio de prismas culturais (valores e interpretações).

Como estudo descritivo, desenvolveu-se sob a tradição de estudo de caso, tendo por caso a expansão regional (estadual) de uma empresa familiar pernambucana do segmento de varejo de autopeças. Notadamente com viés indutivista, utilizou de fontes primárias (uma entrevista não-estruturada com o sócio-gestor do empreendimento) e secundárias (documentos oficiais da empresa cedidos pelo gestor), triangulando informações e aplicando a Análise Qualitativa de Conteúdo (AQC) como método de análise.

Os resultados apresentam a cultura regional como influenciadora da estrutura e práticas administrativas, numa dinâmica cultural em que se apresentam elementos típicos de uma cultura nacional brasileira (tais como o patriarcalismo), com elementos presentes na cultura local, tais como as práticas de aquisição de crédito e a relação dos empregados para com a empresa no tocante à permanência no emprego. A consideração das práticas locais dão contornos mais realistas para as práticas administrativas.