RESUMO
Código: 1402
Tema: Apreçamento de Ativos

 

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Underpricing Nas Ofertas Públicas Iniciais de Ações das Empresas Brasileiras
 

IPOs ocorridos tanto em mercados desenvolvidos, quanto em mercados emergentes, revelaram a existência de alguns fenômenos recorrentes. O mais conhecido deles, o underpricing, mostra que, em média, o preço das ações ao final do primeiro dia de negociações é maior que o preço fixado no prospecto. Não havendo um consenso na teoria de finanças para explicar esse padrão, as evidências parecem indicar que não se trata apenas da influência de um fator específico, mas da contribuição de vários deles.

Dado o aumento, sobretudo a partir dos anos 2000, do número de firmas brasileiras que optaram pela abertura de capital como forma de financiamento para suas atividades, a evolução, ainda que lenta, do mercado de capitais brasileiro, e a já referida ocorrência em nível global do underpricing, tem-se o seguinte problema: como é o desempenho inicial das ações das empresas brasileiras que realizaram IPO? O estudo visa, então, investigar o underpricing no contexto nacional, no período de 2001 a 2014.

Chi e Padgett (2005) encontraram um retorno inicial de 129,2% na China, indicando que o mercado, de fato, considera as emissões iniciais subprecificadas. Santos (2011) verificou a subprecificação nas ofertas iniciais de empresas norte-americanas. Seitibraimov (2012) detectou o underpricing nos IPO de Rússia, Ucrânia e Cazaquistão. No Brasil, Saito e Maciel (2006) averiguaram altos retornos iniciais para IPOs entre 1999 e 2005, da ordem de 6%, e um retorno acumulado de -17% após 1 ano da emissão.

O cálculo dos retornos é feito considerando os preços de fechamento das ações após 1, 5 e 21 dias do IPO e os preços dos prospectos. Calculando também os retornos do Ibovespa, analisa-se a média dos excessos de retorno para se constatar o underpricing. Estima-se também um modelo para investigar possíveis causas para o fenômeno no Brasil. São usadas variáveis como a idade das empresas, o logaritmo de seu ativo total, seu lucro por ação e o fato de estarem listadas no Novo Mercado, por exemplo.

Os resultados mostram a ocorrência de underpricing no Brasil, com um retorno médio inicial de 3,89% acima do mercado. No 5º dia de pregão após o IPO, o retorno foi de 3,87% ,e no 21º, 4,71%. O modelo empírico sugere que os retornos do 1º dia são positivamente relacionados à idade da firma, ao lucro por ação e à listagem no Nível 2 de governança corporativa, porém apenas a 10% de significância. A variável também é positivamente relacionada à listagem no Novo Mercado, mas agora ao nível de 5%.