|
No Brasil, mais de 19% da população afirmou ser portadoras de deficiência visual em algum grau de severidade. Não dispondo de todos os recursos sensoriais para capturarem os estímulos externos, é bastante óbvia a constatação de que, além do consumo dos produtos tangíveis, os deficientes visuais também são usuários de serviços diversos como os bancários, de saúde, assim como lazer, entretenimento e os relacionados à beleza e estética.
O estudo se propôs a explorar o universo dos deficientes visuais, especificamente o de mulheres portadoras de deficiência visual, enquanto consumidoras de serviços de beleza e estética, fazendo surgir a seguinte questão de pesquisa: “Como mulheres deficientes visuais vivenciam suas experiências de consumo em uma perspectiva social e culturalmente construída em serviços de beleza e estética?”
O estudo fundamentou-se teoricamente nos temas deficiência visual, consumo e, mais especificamente, na temática relacionada à abordagem experiencial do consumo de serviços. O trabalho agrega-se a outros no intuito de escrutinar questões envolvendo o consumo de grupos sociais diversos em uma perspectiva social e culturalmente construída no cotidiano dos atores envolvidos sem as amarras de modelos “importados” e pré-concebidos. Visão essa que parece estar alinhada com a Consumer Culture Theory.
O estudo realizou uma pesquisa exploratória, alinhada a uma abordagem interpretativista. Para coleta dos dados utilizou-se a observação participante, típica de uma pesquisa de ‘inspiração etnográfica’. A imersão foi realizada no Instituto São Rafael, instituição ligada ao Governo do Estado de Minas Gerais. O corpus deste estudo foi formado por 12 mulheres deficientes visuais na faixa etária entre 17 e 61 anos de idade. Para a análise de dados, utilizou-se a análise de conteúdo.
O consumo de serviços de beleza e estética é uma espécie de credencial que habilita as mulheres com deficiência visual a viverem suas rotinas, ao mesmo tempo em que permite a elas externarem gostos e estilos próprios tornando-as visíveis para a sociedade. As mulheres com deficiência visual acreditam que a cada experiência de consumo, existe uma nova (re)significação de seus sentimentos e emoções de suas identidades, gostos e estilos que são (ou serão) vividos.
|
