As vendas de produtos falsificados movimentam bilhões de dólares por ano, sendo
lucrativo devido à sua alta demanda (Lu & Lu, 2010). O trabalho visa preencher lacunas
teóricas acerca da influência das dimensões da ética e do risco no consumo de
falsificados, que permitam ampliar o entendimento do consumidor desse segmento. Para
isso, o estudo considerou dois produtos falsificados, nos quais um indica baixos riscos
globais, enquanto o outro pressupõe significativos riscos ao consumidor.
A literatura sobre comportamento do consumidor carece de estudos acerca da influencia
da ética e dos riscos no consumo de falsificados. Nesse sentido, o estudo pretende
responder à seguinte questão: qual o papel da ética e do risco no consumo de produtos
falsificados com características distintas? Pretende-se ainda verificar como as
dimensões do risco interferem no comportamento de compra de falsificados, assim
como compreender a inclinação ética dos consumidores de tais produtos.
A revisão baseou-se em dois construtos: risco, considerando os estudos de Bauer (1960)
e Mai e Niemando (2012) para tratar da subjetividade, bem como a análise de cada
dimensão do risco (financeira, de desempenho, psicológica, social e física), e ética, que,
com base no modelo proposto por Hunt e Vitell (2006), analisa as dimensões
deontológica (na qual os indivíduos consideram leis morais, independente dos fins) e
teleológica (na qual consumidores agem de acordo com as consequências)
A pesquisa, exploratória, com abordagem qualitativa, contou com quatorze entrevistas
em profundidade com universitários, escolhidos de forma não aleatória, por
acessibilidade. As entrevistas seguiram um roteiro de entrevistas, desenvolvido com
base na literatura. Por se tratar de tema delicado, o roteiro contou com cenários e
personagens fictícios, permitindo obter opiniões mais espontâneas. A análise de
conteúdo foi o método de análise de dados utilizado.
Quanto às dimensões éticas, os entrevistados demonstraram maior inclinação para a
teleológica, visto que as consequências do consumo de falsificados tinham grande
relevância. No tocante aos riscos, foi possível perceber, no consumo de whisky
falsificado, que as dimensões se reforçavam mutuamente e aumentavam a percepção do
risco global e que as dimensões do risco não influenciavam significativamente a
intenção de compra, no consumo das camisas falsificadas.
|