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O aglomerado de confecções que está se constituindo em Toritama pode ser considerado uma forma de globalização contra-hegemônica, pois o capital se territorializa e preenche o locus urbano, disperso por centenas de micro e pequenas empresas. A pertinência de temas que envolvem alternativas ao modelo hegemônico torna este estudo atual e relevante, ao tempo que o modelo fordista tornou-se incapaz de conter as contradições inerentes ao capitalismo e deu origem à especialização flexível.
O objetivo deste trabalho foi analisar como estão sendo construídas redes de empreendedores baseadas no (des)capital social em um aglomerado de confecções. O estudo foi realizado em micro e pequenas empresas localizadas em Toritama, município do agreste pernambucano que vem sinalizando para a formação de um agrupamento geograficamente concentrado de empresas inter-relacionadas na indústria da confecção, mais especificamente na produção de jeans.
Atualmente, a palavra capital vem sendo adjetivada e transmuta-se em capital natural, capital financeiro, capital humano, capital social, entre outras. O termo capital social é assim expressado porque origina riquezas, não por meio de relações comerciais ou econômicas, mas da tessitura social. Capital social expressa basicamente a capacidade de uma sociedade de estabelecer laços de confiança interpessoal e redes de cooperação com vistas à produção de bens coletivos (ARAUJO, 2003).
O estudo de abordagem qualitativa e estratégia de estudo de caso foi realizado em micro e pequenas empresas com a coleta de dados baseada em entrevistas semi-estruturadas. A construção do corpus foi um processo iterativo e a quantidade de entrevistados sendo determinada pelo princípio da redundância ou saturação. A opção analítica foi a forma narrativa, alicerçada em uma “descrição densa”, pois o esforço intelectual exigido pela densidade está intimamente entrelaçado com a interpretação.
Como resultados das análises, identifica-se o fenômeno do empreendedorismo como vigoroso, mas prevalece a lógica competitiva em detrimento da cooperação e do coletivo, não tendo se observado manifestações significativas de capital social, este compreendido como a capacidade de uma sociedade de estabelecer laços de confiança interpessoal e redes de cooperação com vistas à produção de bens coletivos. O município carece de políticas públicas, formação de alianças e parcerias estratégicas.
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