|
Consumir está intrinsecamente relacionado aos mais diversos aspectos da vida humana, desde a sua função utilitária primária, expressa na atividade de obtenção de itens básicos, bem como tornou-se um fator que contribui para a construção da identidade individual e do senso de pertencimento e participação social. Assim, a exclusão ou o impedimento desse processo pode acarretar problemas quanto a construção e a expressão de suas identidades, seu senso de adequação ao ambiente de consumo.
Os consumidores com deficiência enfrentam barreiras estruturais, bem como outras (precursoras deste ambiente inacessível), relativas à cultura, as ideias, as crenças e valores da sociedade sobre a deficiência, que geram formas inadequadas de enxergar e agir frente à esses consumidores. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é identificar a influência das relações interpessoais na construção da identidade e do senso de pertencimento de consumidores com deficiência da cidade de João Pessoa/PB.
A Pesquisa Transformativa do Consumidor dedica-se ao estudo de grupos de consumidores vulneráveis, no sentido de melhorar as condições demandas, as potencialidades, e os efeitos do consumo. Para Baker, Gentry e Rittenburg (2005), a vulnerabilidade do consumidor reside no fato de que determinado o desequilíbrio de poder nas relações de troca pode gerar um prejuízo para os consumidor. A construção das identidades resulta de processos de interação social e relaciona-se, à aspectos de consumo.
Pesquisa de posicionamento no paradigma transformativo, de natureza qualitativa, amostragem composta por 16 consumidores com deficiência física e visual, entre 21 e 59 anos. Foi utilizado o método de entrevista em profundidade, que seguiu um roteiro de 30 perguntas semi-estruturadas, feitas com base na literatura nacional e internacional realizada sobre o tema. Para a análise das informações coletadas, utilizou-se a análise de discurso.
“...tem aquele de pena, que acha que você tem a vida mais sofrida do universo ou que pensa que você ‘tá’ passando mal... Outras vezes, você ‘tá’ no supermercado e o cara: ‘Parabéns!’ Todo dia tem algum ‘maluco’ me parabenizando... Se espantam! Principalmente os mais velhos, e principalmente aqui no nordeste, mas é uma questão cultural, extremamente cultural. Você ‘tá’ ocupando um espaço que antes não estava.” (F.C.)
|
