RESUMO
Código: 780
Tema: Governo Eletrônico e Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) para o Desenvolvimento

 

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Governo Eletrônico no Brasil: Uma Área de Pesquisa Sub-teorizada?
 

Revistas científicas internacionais têm promovido reflexões e críticas acerca do grau de teorização da área de e-gov. Alguns acreditam que a área está sub-teorizada, enquanto outros defendem que esteja hiper-teorizada. Yildiz (2007) cita que a pesquisa em e-gov tem produzido conceitos vagos, limitações metodológicas e simplificação exagerada de processos de desenvolvimento em governo eletrônico. Não foram encontrados estudos que tenham realizado esta reflexão na realidade acadêmica brasileira.

Internacionalmente são estudados aspectos sobre a utilização e o papel das teorias em e-gov. O objetivo deste artigo é entender como está sendo a utilização de teoria nas publicações científicas brasileiras. Será que a pesquisa em governo eletrônico no Brasil é sub-teorizada ou hiper-teorizada? Qual o nível de contribuição teórica nesta área? As pesquisas brasileiras se limitam a descrever o fenômeno ou vão além no alcance e nas proposições?

Neste artigo, entende-se por Teoria “...entidades abstratas que visam descrever, explicar, ampliar a compreensão do mundo e, em alguns casos, fazer prognósticos do que acontecerá no futuro e dar base para intervenção e ação” (GREGOR, 2006, p. 616). Esta autora criou a seguinte taxonomia dos tipos de teoria em SI a qual foi adotada neste artigo: (I) para Análise; (II) para Explicação; (III) para Predição; (IV) para Explicação e Predição; (V) para Desenho e Ação.

Trata-se de um estudo descritivo-exploratório de abordagem qualitativa. Por meio do processo de revisão sistemática de literatura, foram selecionados 96 artigos científicos brasileiros na área de e-gov, publicados entre 2003 e 2014. Como modelo de análise foi utilizada a tipologia de Gregor (2006) e seus cinco tipos de teorias. O método contempla cinco etapas (Wolfswinkel et al., 2013): planejamento, execução, codificação dos resultados, caracterização das publicações e análise dos resultados.

O principal resultado foi a identificação de que a maior parte dos artigos analisados foi classificado na teoria Tipo I – Análise (62%). Considerando que o critério utilizado por Gregor (2006) para a classificação são os objetivos primários da teoria, constata-se que as pesquisas de e-gov brasileiras tem tido como principal interesse a descrição do fenômeno. Isto vai ao encontro da afirmação de Meijer e Bekkers (2015), que aponta a prevalência de estudos de natureza descritiva em e-gov.